
Vida
Um time de cientistas a bordo da Estação Espacial Internacional cuja missão de descoberta se transforma em medo puro quando eles encontram uma forma de vida em desenvolvimento que causou a extinção da vida em Marte e agora ameaça a tripulação e a vida na Terra.
Por que as ficções cientÃficas de Hollywood volta e meia teimam em subestimar a inteligência do espectador? Assim como aconteceu com Prometheus e Passageiros, este é o grande problema do ambicioso Vida. Maior até do que a insistência em plagiar sucessos do gênero, algo explÃcito em vários momentos deste novo trabalho do diretor Daniel Espinosa (Protegendo o Inimigo).
De inÃcio, o longa-metragem até é promissor. A partir do balé gerado pelos movimentos dos astronautas em ambiente sem gravidade, Espinosa extrai um belo e interessante plano-sequência através do qual os personagens e a própria estrutura da estação espacial são apresentados. Logo a seguir, uma trombada cósmica com um satélite artificial traz uma certa ação, por mais que tudo se resuma a efeitos especiais bem executados e trilha sonora que amplifique a tensão – formulaico, mas funcional. Deste impacto vem o verdadeiro protagonista do filme: um ser unicelular, vindo diretamente de Marte.
Após ser despertado a bordo, o tal ser ganha importância imensa: trata-se da prova inconteste de que há vida fora da Terra! O clima de entusiasmo logo toma conta não só da tripulação, como da própria humanidade: a muitos anos-luz de distância, todos acompanham atentamente o desenvolvimento de Calvin, o marciano – nome escolhido a partir de um concurso entre crianças. A afeição imediata está estabelecida, mesmo que pouquÃssimo se saiba sobre tal organismo.
Flertando com questões existencialistas acerca da humanidade e o uso de conquistas espaciais como propaganda, Vida rapidamente abandona tais temas para assumir de vez seu lado suspense. Calvin, cada vez mais, se desenvolve – ele não é mais unicelular, mas possui caracterÃsticas de um músculo. Ainda assim, o fascÃnio em torno da descoberta serve de trampolim para o desleixo e, a partir dele, o perigo. É quando Vida, de forma escancarada, assume seu lado Alien, o 8º Passageiro.