
Uma Razão para Vencer
Após a morte de sua estrela, a jogadora Caroline “Line” Found, a equipe feminina de vôlei West High da cidade de Iowa e sua improvável corrida para o campeonato estadual sob a orientação de sua treinadora durona Kathy Bresnahan (Helen Hunt).
Acostumada a ganhar em seu time de vôlei, Kelley (Erin Moriarty, “Capitão Fantástico”) leva a típica vida da adolescente que está prestes a finalizar o ensino médio no interior dos Estados Unidos. Acompanhada de sua melhor amiga, Caroline (Danika Yarosh, “Jack Reacher: Sem Retorno”), ambas se divertem aproveitando o tempo juntas. E assim é estabelecido o primeiro ato de “Uma Razão para Vencer”.
Organizando festas e tentando aproveitar o lado bom da vida, mesmo quando o time não está tão bem no campeonato, Kelley é constantemente contagiada por sua amiga, o que não a faz enxergar o que está por vir. Uma grande tragédia acomete sua vida, que a faz perder a visão de todo e qualquer sentido. A dor é grande o suficiente para que a garota perca seu rumo e não queira, por certo tempo, voltar à ativa. Sua melhor amiga sofre um terrível acidente, vindo a falecer no auge de sua alegria e carisma.
O que parecia ser um filme de adolescentes que jogam vôlei se transforma, gradativamente, em uma grande missão. Desta forma, a direção de Sean McNamara (da série “As Visões da Raven”) cativa o espectador por apresentar a vida de duas garotas que não tinham nada para se preocupar sem, com isso, transformá-las em personagens unidimensionais. Sua direção leve conduz o espectador diretamente ao campeonato estadual de vôlei de Ohio, dando o toque ideal para que o maniqueísmo não caia em tentação aqui.
Ao mesmo tempo, é comovente a genuína interpretação de Erin Moriarty, pois o seu carisma comedido faz o espectador acreditar que, de fato, a garota perdeu sua melhor amiga. E o drama, ao invés de pender para constantes lições e aprendizados, foca na superação não só da protagonista, mas de todos que conviviam com Caroline. O pano de fundo é o referido campeonato de vôlei, que precisa ser superado etapa a etapa para homenagear alguém que não deixaria a bola cair.
Para completar o time, nada como dois grandes atores de peso e a competência em tela. O pai de Caroline é interpretado por William Hurt (“Vingadores: Ultimato”), um homem que precisa aprender a lidar com a dor da perda de forma colossal e devastadora. O que o ator faz com sutileza, emocionando justamente ao conter sua emoção e tentar compreender os porquês de suas perdas. Já a treinadora do time está na pele de Helen Hunt (“As Sessões”), cujo dilema se faz presente por aprender a comedir se deve cobrar mais ou não seu time por conta da grande tragédia que se passou.
Apesar do primeiro ato intenso, o longa se mostra ao poucos mais leve, muito por conta da direção, mas também pelo tom adotado pelo roteiro de David Aaron Cohen (“Tudo pela Vitória”) e Elissa Matsueda (“Dog Days”). Em muitos momentos, o ritmo sofre justamente pela graduação que se faz transitória entre o drama e a superação vivida pelas garotas do time de vôlei. Isso soa, sobretudo no desenvolvimento da história, como um pé no freio diante da premissa do primeiro ato.
Intenso e edificante, “Uma Razão para Vencer” leva o espectador a uma boa história de superação, cujos personagens são bem desenvolvidos e carismáticos. Há uma grande perda de ritmo, que pode soar como algo entediante para os menos pacientes, mas ela é retomada quando o time descobre junto que a homenagem a Caroline é mais do que jogar, mas sim de viver como ela, de aproveitar a vida. E esta é uma bela mensagem.