
Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas
O passado do capitão Jack Sparrow volta a alcançá-lo quando ele cruza com Angelica, uma bonita pirata que Jack, um dia, amou e depois abandonou. Ela, então, o força a acompanhá-la ao navio Vingança da Rainha Ana, do famoso Barba Negra. Junto com uma tripulação de zumbis, o trio parte em busca da lendária Fonte da Juventude. Mas o rival de Jack, Barbossa, também cobiça a fonte, assim como um navio espanhol.
Quando Piratas do Caribe estreou, os holofotes logo se voltaram para Johnny Depp. Nada mais justo, afinal de contas o ator fez do capitão Jack Sparrow um personagem único, com o visual clássico dos piratas e trejeitos muito particulares. Mas, tirando Depp, o original não era muito diferente dos filmes de ação que se vê todo ano. Bem feito, com auxílio luxuoso de Geoffrey Rush, mas apenas isto. Não é exagero dizer que, sem o ator, o filme jamais alcançaria a popularidade que teve. Os produtores sabiam disto, de forma que o deixaram solto nas duas sequências. Por mais que houvesse histórias de pano de fundo, elas na verdade eram mero pretexto para Sparrow brilhar.
Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas não é muito diferente. Sem a necessidade de dividir espaço com Keira Knightley e Orlando Bloom, Johnny Depp reina. Mas é um Jack Sparrow um pouco diferente, menos afetado que nos filmes anteriores. Será a maturidade chegando ao personagem? Talvez. Fato é que, também devido a esta opção, o filme tem poucos momentos cômicos. As improvisações de Sparrow continuam, onde ele tenta da forma que dá escapar das confusões, mas não há mais o exagero corporal típico. Ele surge apenas em breves momentos, especialmente perto do final. Até lá pode-se ver um Sparrow ainda interesseiro e obcecado por seu Pérola Negra, só que mais contido.
Esta é uma das poucas mudanças em relação à trilogia original. O quarto filme segue a mesma estrutura dos anteriores, trazendo elementos sobrenaturais, reviravoltas e muitos personagens. Algo que não necessariamente é positivo, já que algumas destas características são responsáveis pela queda brutal de qualidade nos dois filmes anteriores. Um exemplo: são tantos os navios que a história às vezes se perde ao definir os objetivos de cada um, da mesma forma que as mudanças de lado são tão constantes que por vezes soam gratuitas. Ao menos o novo filme não deixa a sensação de que a história gira em torno de si mesma rumo a lugar algum, como acontece em O Baú da Morte e No Fim do Mundo, servindo de mero pretexto para cenas de ação e trapalhadas de Sparrow. Aqui ela avança, de forma linear, rumo à Fonte da Juventude, caracterizada com uma interessante sacada ao obrigar a presença de duas pessoas para que seu efeito funcione.
De positivo, o filme traz a boa escalação de Penélope Cruz e Ian McShane, convincentes em seus personagens. Por outro lado deixa furos explícitos no roteiro, especialmente em relação ao religioso no barco do Barba Negra. A ambientação escura de grande parte do filme também incomoda, ajudando a minimizar os momentos cômicos e prejudicando sensivelmente os efeitos em 3D.
Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas cumpre de forma correta o objetivo de reiniciar as aventuras de Jack Sparrow, inserindo novos personagens em sua cronologia. Entretanto, a falta de algo realmente novo deixa a sensação de ser tudo mais do mesmo, apesar de bem feito. O melhor segue por conta de Johnny Depp, até mesmo pelas sutis mudanças no personagem, mas isto não impede que seja um filme apenas razoável. Melhor que o terceiro, mas inferior que o segundo e muito abaixo do original.