Nunca Deixe de Lembrar. Kurt Barnert (Tom Schilling) é um artista alemão que conseguiu escapar da Alemanha Oriental. Agora, ele vive seus dias na Alemanha Ocidental, mas ainda assim é atormentado pelos traumas da sua infância sob o regime dos nazistas e da República Democrata Alemã (RDA).
Nunca Deixe de Lembrar
Mais do que invocar o belo, a arte tem função de provocar, fazer pensar e, até mesmo, incitar revoluções. Por isso mesmo, é geralmente a classe artística uma das primeiras a ser perseguida quando ditadores – sejam eles de esquerda ou direita – assumem o poder. Em Nunca Deixe de Lembrar (Werk ohne Autor), o diretor Florian Henckel von Donnersmarck (A Vida dos Outros) usa justamente esse pretexto para contar a estória de Kurt Barnert (Tom Schilling), um pintor alemão que vive anos tolhido pela censura, inicialmente do nazismo e posteriormente do socialismo russo. Inspirado livremente na vida de um dos mais extraordinários pintores ainda vivo, Gerhard Richter, o filme proporciona uma viagem história e reflexiva tão necessária em tempos atuais.
Somos apresentados a Kurt ainda criança (Cai Cohrs), em 1937. Junto com a tia Elisabeth (Saskia Rosendahl), o menino visita uma exposição denominada “Arte Degenerada”, na qual artistas como Kandinsky e Chagall são enxovalhados pelo regime de Hitler. Porém, Elisabeth não leva o sobrinho à exposição para doutriná-lo. Pelo contrário, após ouvir do guia que aqueles artistas produziram tais obras por terem distúrbios mentais, ela sussurra no ouvido de Kurt: “Eu gosto”. Posteriormente, a sensível moça também pede para que ele nunca desvie seu olhar dos acontecimentos, afirmando que “tudo que é verdadeiro, é belo”.
Crítica
O filme tem um tema que não é leve porém as personagens trazem leveza a narrativa. Um bom filme europeu que nos traz uma sensação muito boa ao sair da sala do cinema. Originalmente o filme tem 188 minutos, mais de 3 horas sem nenhum momento monótono.
Vale a pena ver não apenas por ter sido indicado ao Oscar ou concorrido no Festival de Veneza mas por retratar uma passagem da historia como a eliminação de doentes mentais com o argumento de criar espaço nos hospitais para soldados feridos, o triste bombardeio de civis em Dresden, a impunidade de nazistas, a rejeição pôs-guerra aos membros do partido nacional socialista pela população alemã e, mas do que tudo, o retrato de um casal apaixonado e do desenvolvimento artístico de um pintor de arte. O nome original: “Obra sem Autor” deveria ter sido mantido! Fantástico.