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It – Capítulo Dois

It – Capítulo Dois

Você Vai Flutuar de NovoSep. 04, 2019Canada169 Min.R
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Sinopse

It – Capítulo Dois

Vinte e sete anos depois dos eventos que chocaram os adolescentes que faziam parte do Clube dos Perdedores, os amigos realizam uma reunião. No entanto, o reencontro se torna uma verdadeira e sangrenta batalha quando Pennywise, o palhaço, retorna.

Crítica

A primeira parte de It – A Coisa, também dirigida por Andres Muschietti a partir do livro de Stephen King, surpreendia pela quantidade de elementos que conseguia equilibrar. O roteiro e a montagem apresentavam cada criança do Clube dos Otários, seus traumas específicos, suas relações familiares e como se comportavam dentro do círculo de amigos. Quando o palhaço Pennywise aparecia aos jovens, ajustando-se ao medo específico de sua vítima, a tensão era intensificada pelo fato de conhecermos os pontos fracos de cada um. O medo sob medida constituía um dos aspectos mais interessantes do primeiro It, espécie de jornada psicológica ao amadurecimento dos pré-adolescentes. Embora muitos filmes de terror gostem de citar traumas de infância como sintoma da complexidade dos personagens, a produção de 2017 preferia testemunhar o momento em que os traumas acontecem.

 

A sequência efetua um salto de vinte e sete anos para descobrir como estes adultos são perturbados pela experiência com o palhaço sangrento. Richie (Bill Hader) utiliza o humor como válvula de escape, Beverly (Jessica Chastain) envolve-se em relacionamentos abusivos, Bill (James McAvoy) se torna um escritor frustrado, incapaz de fornecer um final satisfatório às suas histórias – e à sua história pessoal, é claro. Desta vez, a ambição narrativa se torna muito maior, e tanto o roteiro quanto a montagem precisam dosar uma quantidade ainda mais expressiva de subtramas e conflitos. It – Capítulo Dois precisa apresentar a vida de cada adulto do antigo Clube dos Otários, mostrar o momento em que cada um recebe o convite para voltar a Derry e combater Pennywise, retratar as dores específicas que restaram de décadas atrás, as vivências infantis que não tinham sido reveladas no filme anterior, o encontro de cada personagem com o palhaço e os instantes em que os protagonistas se tornam um grupo de amigos novamente. O projeto se impõe tantas obrigações que a refinada produção começa a apresentar suas fissuras.

Isso significa que o filme nem sempre resolve a questão do “enquanto isso”, fundamental a narrativas com muitas ações e personagens simultâneos: o que está acontecendo com outros personagens enquanto vejo este aqui? No terço inicial, Mike (Isaiah Mustafa) se torna o motor da história, convocando os colegas, explicando o perigo do retorno de Pennywise e chamando a todos para efetuar um ritual urgente. As circunstâncias do plano são apresentadas de modo rápido demais, e as metáforas empregadas para representar o perigo – a infecção por um vírus, o misticismo dos nativos-americanos – são lançadas sem real aprofundamento. No terço central da narrativa, Mike praticamente desaparece, o que dilui a sensação de urgência no combate ao adversário. A fuga de um personagem de uma instituição psiquiátrica soa abrupta, e o importantíssimo espaço de um hotel vazio, espécie de limbo para os protagonistas, é mal explorado pelo roteiro. O fato de nenhum deles ter tido filhos, próximos dos 40 anos de idade, também mereceria atenção pela conexão com seus traumas.

 

Enquanto isso, o projeto encontra tempo considerável para citações e autorreferências. Uma aguardada participação especial surge em cena relativamente longa; outros filmes de Stephen King são evocados em chave cômica, e diversos momentos são inseridos apenas para comparar os personagens adultos às versões infantis, garantindo que o espectador seja capaz de associar cada criança à sua caracterização futura. Para uma narrativa sobre como os traumas se fazem presentes, It – Capítulo Dois passa tempo considerável no passado, não para estudar as relações com a vida adulta, mas para ressaltar a nostalgia do Clube dos Otários. Os adultos ganham raras oportunidades de desenvolver a amizade entre eles – com exceção da ótima cena no restaurante chinês, que passa da descontração a momentos de puro terror em questão de minutos. Felizmente, o excelente elenco contribui à tarefa de identificação: os atores adultos foram muito bem escolhidos, tanto por seu talento dramático quanto pela semelhança com os atores mirins.

 

Além disso, a sequência esbanja uma produção bastante competente, com efeitos visuais impecáveis e um uso de câmera muito elegante por parte de Muschietti. A cena de abertura – uma espécie de curta-metragem por si próprio, no qual Pennywise ironicamente “salva” um personagem – é ricamente trabalhada pela iluminação do parque de diversões, os planos angulados e a fina articulação da montagem. O diretor consegue efetuar um uso inteligente de transparências e reflexos, a exemplo das cenas com espelhos, dentro da casa abandonada, e do labirinto de vidros. A experiência de ver algo sem acessá-lo, ou de testemunhar como voyeur uma morte sem poder impedi-la aparece de maneira eficaz na sequência, que ainda encontra metáforas criativas para o retorno do recalcado – vide a presença de personagens literalmente soterrados em terra, água ou sangue, em representação da dor e do medo tomando conta de sua psique. Enquanto retrato de distúrbios psicológicos e de feridas não cicatrizadas, o projeto encontra potentes recursos visuais.

It – Capítulo Dois

Pennywise continua sendo um personagem de grande complexidade, primeiro graças ao trabalho multifacetado de Bill Skarsgard no papel, e segundo por sua própria mistura de agressão e fragilidade – sim, o palhaço também possui inseguranças. A figura sobrenatural nunca pareceu tão humana, tão equivalente aos jovens que ele atormenta (como num jogo de espelhos, justamente). No entanto, o perigo representado pelo palhaço é menor neste segundo filme, pois suas aparições não carregam mais a ambiguidade de antes: sabemos quando Pennywise está atacando, em contraste com a tensão do primeiro filme, quando as metamorfoses do personagem transitavam lentamente entre o natural e o sobrenatural, entre o real e a ilusão. Desta vez, transformadas num espetáculo mais convencional de efeitos especiais e jump scares, as aparições do palhaço são evidentes, sem grande preparação de clima (até porque, para condensar tantas linhas narrativas em menos de três horas de duração, a montagem parece ter efetuado várias concessões ao clima e ao tempo do suspense).

 

Talvez a maior transformação do segundo filme diga respeito aos protagonistas: desta vez, eles combatem Pennywise por escolha, e não por instinto de sobrevivência. Antes, os garotos morreriam caso não encontrassem uma saída rápida para o perigo. Agora, eles chegam a Derry por senso de honra, e permanecem no local porque acreditam na necessidade de combater o vilão. As principais vítimas, desta vez, são crianças indefesas e minorias sociais, ao invés dos protagonistas. Deste modo, os adultos traumatizados passam de vítimas a heróis em nome de uma causa maior. A decisão de ficarem em Derry e se exporem ao risco da morte, provavelmente o conflito mais importante do segundo filme, é retratada numa passagem veloz. Mesmo assim, ela constitui a chave que transforma It – Capítulo 2 numa produção um pouco mais convencional do que a anterior. No primeiro contato com Pennywise, vinte e sete anos atrás, havia uma noção de improviso e coletividade na ação dos garotos. Desta vez, a união é fragmentada (em diversos momentos, eles são forçados a se separarem para que os planos deem certo), e a espontaneidade cede espaço ao martírio em prol dos mais frágeis.

 

Atenção: possíveis spoilers a seguir.

 

Não por acaso, rumo ao final, um discurso inspirador encoraja o interlocutor a ser “verdadeiro, corajoso, a acreditar”. Trata-se de um recurso solar demais para um filme sobre bullying, homofobia, assassinato de crianças e abuso psicológico, mas compreende-se que Stephen King e Andy Muschietti tenham optado pelo otimismo e a possibilidade de superação. No entanto, sem compreender exatamente do que os protagonistas estão abrindo mão em suas vidas atuais – conhecemos pouco de suas rotinas pessoais na fase adulta – o espectador se torna incapaz de medir o risco das ações e a consequência exata do enfrentamento a Pennywise em sua vida futura. O segundo It se revela uma produção criativa e repleta de belas imagens, muito superior à média dos filmes de terror. No entanto, obtém mais sucesso na tarefa de evocar traumas de infância do que construir a personalidade para além desses conflitos. Em outras palavras, não consegue conceber que indivíduos problemáticos superem seus problemas sem recorrer ao imaginário cinematográfico do heroísmo e do sacrifício.

 
It – Capítulo Dois
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It – Capítulo Dois
Título original It Chapter Two
IMDb Rating 6.5 212,887 votes
TMDb Rating 6.8 3,694 votes

Director

Elenco

Jessica Chastain isBeverly Marsh
Beverly Marsh
James McAvoy isBill Denbrough
Bill Denbrough
Bill Hader isRichie Tozier
Richie Tozier
Isaiah Mustafa isMike Hanlon
Mike Hanlon
Jay Ryan isBen Hanscom
Ben Hanscom
James Ransone isEddie Kaspbrak
Eddie Kaspbrak
Andy Bean isStanley Uris
Stanley Uris
Jaeden Martell isYoung Bill Denbrough
Young Bill Denbrough
Wyatt Oleff isYoung Stanley Uris
Young Stanley Uris
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