
Homem Aranha: Longe de Casa
Peter Parker está em uma viagem de duas semanas pela Europa, ao lado de seus amigos de colégio, quando é surpreendido pela visita de Nick Fury. Convocado para mais uma missão heroica, ele precisa enfrentar vários vilões que surgem em cidades-símbolo do continente, como Londres, Paris e Veneza, e também a aparição do enigmático Mysterio.
Há várias formas de se analisar Homem-Aranha: Longe de Casa. A primeira delas, e mais urgente para os fãs, é em relação às consequências diretas dos eventos mostrados em Vingadores: Ultimato. Neste aspecto, os primeiros 10 minutos são essenciais: a partir de um hilário vídeo gravado por alunos da escola de Peter Parker é apresentada não apenas uma homenagem aos heróis mortos como, também, um panorama geral da sociedade neste oito meses após o retorno de metade dos seres vivos do planeta. Tempo não só para que o espectador se adapte a esta nova realidade – e conhecer o blip – mas, também, para se divertir com as (boas) piadas rápidas envolvendo os alunos, tia May e Happy Hogan.
A segunda forma passa pelo enigmático Mysterio, em duas ramificações distintas. Há o lado mais óbvio, envolvendo a aparição do personagem e sua candidatura quase automática a ingressar nos Vingadores, passando por uma característica existente lá em Homem-Aranha: De Volta ao Lar no sentido de explorar o underground decorrente dos rastros deixados pelos super-heróis – lembra-se do Abutre e sua relação com o primeiro Os Vingadores? Há também a mensagem subliminar deixada pelo personagem, acerca do que acreditar ou não nos dias atuais, tendo por base a bagunça provocada por Thanos para refletir sobre algo bem mais corriqueiro do lado de cá das telonas: as fake news. Por mais que esteja maquiado neste ambiente de super-heróis, a associação é imediata – não apenas pelo que acontece, mas também o porquê de acontecer.
Há ainda aquela que talvez seja a análise mais importante, acerca da essência do Homem-Aranha. Se De Volta ao Lar já trazia um certo incômodo pelo excesso de tecnologia como uma espécie de muleta ao personagem, atenuado pelo carisma de Tom Holland em um ambiente adolescente brilhantemente encenado, em Longe de Casa há ainda menos do herói aracnídeo. Não fisicamente, claro, mas no que o Cabeça de Teia representa.