
Enrolados
Flynn Ryder (Zachary Levi/Luciano Huck) é o bandido mais procurado e sedutor do reino. Um dia, em plena fuga, ele se esconde em uma torre. Lá conhece Rapunzel (Mandy Moore), uma jovem prestes a completar 18 anos que tem um enorme cabelo dourado, de 21 metros de comprimento. Rapunzel deseja deixar seu confinamento na torre para ver as luzes que sempre surgem no dia de seu aniversário. Para tanto, faz um acordo com Flynn. Ele a ajuda a fugir e ela lhe devolve a valiosa tiara que tinha roubado. Só que a mamãe Gothel (Donna Murphy), que manteve Rapunzel na torre durante toda a sua vida, não quer que ela deixe o local de jeito nenhum.
Já em Branca de Neve e os Sete Anões, o primeiro longa-metragem de animação da história, muito do que viria a ser chamado de essência Disney foi estabelecido. Uma história vinda de um conto de fadas, com princesas e vilões bem estabelecidos, animais humanizados, canções emblemáticas e uma alta dose de magia. Foram estes ingredientes que fizeram com que o estúdio do Mickey, ao longo das décadas, se estabelecesse no imaginário coletivo dos espectadores. Pode-se sequer saber do que o filme trata, mas se possui o selo Disney já se tem de antemão uma ideia geral do que ele apresentará ao público. Esta afirmação é também aplicada a Enrolados, a 50ª animação produzida pela Walt Disney Pictures. O filme nada mais é do que um retorno, com qualidade, aos bons momentos do estúdio.
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A começar pela escolha da história. Rapunzel é um conto de fadas clássico e extremamente popular. Afinal de contas, quem ao menos não ouviu falar da história da jovem com cabelos quilométricos que vive presa em uma torre? Em Enrolados a base é mantida, mas o contexto e certas caracterÃsticas da protagonista são modificados. Rapunzel agora possui dons mágicos, que têm papel fundamental na condução da trama, e um perfil que em muito lembra as adolescentes de hoje. Desde a excitação por viver algo novo à ousadia em se arriscar em situações supostamente perigosas, passando por uma certa bipolaridade, presente na divertida cena em que enfim deixa a torre onde viveu por quase toda sua vida.
Outra novidade é a presença de uma forte figura masculina, Flynn Ryder. Ladrão, meio cafajeste e galanteador, Flynn é tudo aquilo que Rapunzel não esperaria de um homem e, pode-se dizer, o oposto do também clássico prÃncipe encantado. Sua presença desencadeia as principais cenas de ação do filme, graças em grande parte ao seu histórico. Neste ponto, a escolha de Luciano Huck como seu dublador na versão brasileira caiu bem. Apesar de seu explÃcito sotaque paulista, Huck conseguiu dar a Flynn a malandragem e o jogo de cintura necessários ao personagem.
Diante deste conjunto, Enrolados consegue entreter e, em certos momentos, encantar usando a velha e boa fórmula Disney de animação. Os animais aqui não falam, mas possuem expressões como se humanos fossem – o camaleão Pascal é o melhor exemplo. As canções funcionam dentro do contexto da história e também ao ouvido, como a bela “Sua Mãe Sabe Mais”, além de renderem momentos divertidos, como a cena musical no bar. Tudo regado a uma animação de qualidade, que provoca um forte impacto visual nas sequências da represa e na linda cena em que Rapunzel e Flynn assistem, em um barco, o lançamento de centenas de balões luminosos. Um filme feito para crianças e adultos, mantendo a essência Disney de animação de forma a atualizá-la sem perder suas melhores caracterÃsticas.