
Desejo de Matar. Após ter sua casa invadida e esposa assassinada por bandidos, Paul (Bruce Willis) passa a acompanhar a polícia nas investigações para capturar os criminosos. Em poucos dias ele percebe que a polícia jamais encontrará os assassinos. Sem opções, ele terá que se aventurar por caminhos obscuros em uma jornada pessoal em busca de justiça.
A princípio o mundo mudou muito nos últimos anos. Esse novo levante dos movimentos sociais no Ocidente torna cada vez mais comum assistir. A filmes antigos e pensar que eles jamais seriam feitos atualmente. O roteirista Joe Robert Cole, de Pantera Negra, observou que o pontapé inicial da Marvel no cinema seria diferente em 2018, contudo com um Tony Stark (Robert Downey Jr.) diferente do homem cafajeste que vimos em Homem de Ferro, há apenas 10 anos. Certos comportamentos já não passam despercebida e impunemente, como misoginia, racismo, homofobia e outros abusos dos direitos humanos. O mesmo vale para personagens clássicos de John Wayne (Rastros de Ódio), Clint Eastwood (Dirty Harry) e outros justiceiros implacáveis, que jamais teriam a visão romantizada de outrora nos dias de hoje.
Curiosamente, porém, dois artistas com apreço pela violência decidiram trazer de volta um personagem politicamente bastante incorreto. Eles são Eli Roth, diretor de olhar mórbido que realizou os doentios O Albergue e Bata Antes de Entrar, e o roteirista Joe Carnahan (A Perseguição). O homem com sede de vingança é o viúvo Paul Keiser, eternizado por Charles Bronson na maior lenda do Domingo Maior da Rede Globo, Desejo de Matar. Sua releitura com Bruce Willis não poderia ser mais acertada, dado o retrospecto do ator de Duro de Matar. Mas eis que, apesar desse trio parada dura no comando da adaptação, o novo Death Wish (no original) se mostra um filme. Contudo incrivelmente consciente sobre o momento da sociedade, e até mesmo reflexivo sobre a prática do justiçamento.