
Brightburn – Filho das Trevas
uma criança alienÃgena cai no terreno de um casal da parte rural dos Estados Unidos, eles decidem criar o menino como seu filho. Porém, ao começar a descobrir seus poderes, ao invés de se tornar um herói para a humanidade, ele passa a aterrorizar a pequena cidade onde vive, se tornando uma força obscura na Terra
Filmes que se passam no decorrer de um recorte do presente (seja uma noite, três dias ou uma semana) já causam certa curiosidade devido à urgência que a narrativa e seus desdobramentos naturalmente possuem. Existem casos, como o do suspense Um Lugar Silencioso, em que algumas perguntas podem permanecer sem respostas e, ainda assim, manter o espectador idealizando o que pode ter acontecido no passado e o que ainda pode ocorrer após os créditos finais. Este, no entanto, não é o caso de Brightburn – Filho das Trevas – pelo menos não de um modo positivo. É surpreendente ver como uma boa ideia pode se perder diante de um roteiro mal resolvido que, por focar tanto no imediatismo, acaba se esquecendo de algo que importa ainda mais: de uma origem concreta.
Brightburn conta uma história parecida com a de Superman, pois Brandon (Jackson Dunn) é de fato um ser poderoso que literalmente cai do espaço para a Terra enquanto bebê. Assim como Clark Kent, Brandon é criado como ser humano por seus pais adotivos, Tori (Elizabeth Banks) e Kyle (David Denman), que sabem desde o inÃcio o quão especial é a criança, considerada um presente visto que o casal não consegue engravidar. O problema é que, ao invés de criar um ambiente em que Brandon tenha a capacidade de entender o que é moral ou imoral, o longa de David Yarovesky contenta-se em apresentar somente o básico: o bullying dos colegas na escola por ser inteligente demais, a frustração de uma primeira paixonite, o “não” recebido pelo pai.
Assim, a virada de chave no Ãntimo de Brandon, aos 12 anos, acontece modo brusco e superficial. Se ao menos soubéssemos de onde ele veio, assim como ocorre com Superman, essa história poderia ter uma semelhança mais ampla; mas tal comparação de Brandon ser um “Superman ao contrário”, algo absolutamente normal só de assistir ao trailer, soa completamente forçada quando o material completo é visto. Além da capa vermelha e do raio laser, não há nada que remeta a um herói ou a um vilão de peso. Brandon é apenas um garoto de outro mundo (ou universo, ou galáxia…) cuja missão lhe é explicada com a mesma rapidez e frugalidade que sua mudança no caráter.
A falta de background do protagonista, que poderia muito bem ajudar o filme a se encaixar como uma ode aos vilões que superam a necessidade de maiores explicações (vide Michael Meyers, de Halloween), é parcialmente reparada pela trama dos pais de Brandon. Elizabeth Banks entrega uma atuação sincera e que demonstra a preocupação de muitos pais quando estes veem seus filhos com comportamentos mais rÃgidos e até mesmo grosseiros, e a conexão que é feita com a maldade de Brandon ser inicialmente vista como puberdade é interessante. Porém, do ponto de vista do espectador, algumas atitudes do casal tornam-se risÃveis. A dificuldade da mãe em ver a maldade crua do filho adotado ultrapassa qualquer limite (até com provas de um assassinato), assim como o pai também se transformar de um carinhoso protetor a alguém que não reconhece mais a criança que criou, são elementos postos com uma velocidade que não acerta o alvo de tornar essa ruÃna familiar mais crÃvel.