
Abominável
Shanghai, China. Yi (Chloe Bennet) é uma adolescente que, certo dia, descobre que um yeti está no telhado do prédio em que ela mora. A partir disso, ela e seus colegas passam a chamar a criatura mÃstica de “Everest” e, ao criarem laços com o animal, decidem levá-lo até sua famÃlia, que está no topo do planeta. Porém, os três amigos terão que conseguir despistar o ganancioso Burnish (Eddie Izzard) e a zoóloga Dra. Zara (Sarah Paulson), que querem pegar o yeti a qualquer custo.
Desde que a China enfim abriu as portas para Hollywood, apenas poucos anos atrás, muito mudou no cenário cinematográfico. Com um público ávido em assistir alguns dos filmes mais badalados mundo afora, que até então chegavam apenas através da pirataria, a corrida desenfreada à s salas de cinema não apenas impulsionou o parque exibidor local, em torno de incrÃveis 60 mil telas ao término de 2018, como também potencializou a bilheteria mundial de todo e qualquer blockbuster, cujo cronograma de lançamento não pode mais ignorar o poderio financeiro chinês. Paralelamente, teve inÃcio dentre os estúdios um movimento no sentido de produzir filmes que atraiam o interesse local a partir de suas experiências e Ãcones, de olho no potencial de uma população que supera o bilhão. Abominável, nova animação da DreamWorks, se encaixa perfeitamente neste caso.
Produto cultural escancarado, o longa-metragem se apropria de uma história pra lá de batida em um cenário tipicamente chinês, de visual belÃssimo mas que a todo instante recorre a preguiçosos facilitadores de roteiro. Senão, vejamos: tudo começa com a fuga desenfreada de um yeti, mitológico ser oriundo do Himalaia, perseguido por cientistas até se refugiar em um telhado em plena Shanghai. Machucado, ele é encontrado (e cuidado) por uma adolescente hiperativa que esconde um trauma familiar. Juntos, irão se ajudar através da cura mútua: ele, fÃsica; ela, espiritual.
A partir de tal encontro, Abominável envereda pelo clássico elo entre animais e crianças, impulsionado pelo fato de que este yeti tem um comportamento tipicamente canino, o que facilita imensamente o reconhecimento e afeição junto à criançada. Soma-se a isso sua postura brincalhona e atrapalhada, decorrente da parceria firmada com o garoto Jin, que até diverte por mais que também desvie o foco do tema principal deste longa-metragem: a perseguição por ser um espécime raro e a própria jornada ao lado de Yi – ela está sempre ao seu lado, por mais que muitas vezes se torne mero coadjuvante.